quinta-feira, 8 de julho de 2010

Qual é a tua obra?




Olá pessoal, eu resolvi colocar alguns trechos de palestras de Mário Sérgio Cortella que considerei importante para nós iniciantes na área de educação. Espero que vocês gostem!!!





MARIO SERGIO CORTELLA

TRECHOS – PALESTRAS



Para não nos deixar apequenar a vida, o filósofo e educador veio ao Cursinho da Poli falar sobre sonhos viáveis, educação pública e racismo velado

“Só em dois lugares as pessoas são perfeitas: nos currículos e nos cemitérios. Observem as lápides: ‘Mãe dedicada’, ‘Filho amoroso’...Não há um único canalha enterrado!”. Foi assim que o filósofo e educador Mario Sergio Cortella abriu a palestra que deu no Cursinho da Poli no dia 30 de setembro de 2009, já anunciando que a sabedoria e a reflexão que seguiriam seriam acompanhadas de muito bom humor.

“ Você não conhece uma pessoa só pelo que ela fez de certo. É preciso saber o que ela fez de errado. Por exemplo, os experimentos do inventor Thomas Edison falharam 1430 vezes antes de ele conseguir criar uma lâmpada elétrica de corrente contínua. O fracasso acontece quando se erra, mas quando se desiste.”

O tema que perpassou toda a palestra foi justamente a busca do “inédito viável”, expressão de Paulo Freire, orientador de seu doutorado. Devemos lutar por nossos sonhos e conquistar nossas utopias – lembrando que o conceito de “utopia” criado por Thomas Morus é “ainda não”, diferente de “impossível”. Cortella alertou que é preciso diferenciar sonho de delírio. Segundo o filósofo, o delírio é um sonho impossível – “eu, Cortella, me tornar o melhor jogador de futebol da Fifa” -, enquanto o sonho é nosso inédito viável, é algo que ainda não é, mas pode ser.”

Qual é a tua obra?

Cortella também questionou o potencial econômico e social do Brasil, um país que tem gigantescas quantidades de terras aproveitáveis, bacias hidrográficas ara geração de energia, reservas de minério e de petróleo, além de duas das maiores reservas de biodiversidade do planeta, mas que, ao mesmo tempo, abriga uma imensa desigualdade social. Portanto, nosso inédito viável é o desenvolvimento do nosso país e o alcance de uma cidadania plena; para isso, devemos aplicar nossos conhecimentos e talentos a serviço da vida coletiva.

“De nada adianta ganhar dinheiro se for só para si. Como disse Benjamin Disraeli, ‘A vida é muito curta para ser pequena.’ Não sei se sabiam disso, é uma coisa muito chata, mas um dia vocês vão morrer”, ironiza o filósofo, e conclui: “Qual terá sido a sua obra, quando você se for?”

Perto do fim da palestra, o filósofo VIP (segundo ele, Vindo do Interior do Paraná), alertou para o racismo velado que existe em nossa sociedade, em situações aparentemente inofensivas como por exemplo, as embalagens de xampu, que definem qual é o tipo de cabelo “normal”, e por conseqüência, qual é o “ruim”; assim como uma marca de curativo adesivo que diz que o produto é “cor de pele” – algo sem sentido num país multirracial. Cortella ainda refutou a expressão “homem de cor” utilizada para se designarem pessoas negras, inclusive porque são os brancos que mais têm variações de cor ao longo da vida: rosa (quando nascem), vermelha (quando vão à praia), roxa (quando se machucam), amarela (quando levam um susto), verde (quando estão doentes) e cinza (quando morrem)!

2º CONGRESSO NACIONAL DE DOCÊNCIA (SP 2009)

Ele destacou a necessidade de o professor assumir a humildade pedagógica como ferramenta de ensino: Ninguém sabe tudo. O docente precisa despertar a curiosidade nos outros por aquilo que não é conhecido. O professor não pode ficar com receio de aprender novos assuntos: Devemos incentivar, cada vez mais, o desejo pelo não-conhecido. O erro faz parte do processo natural do aprendizado. A finalidade do conhecimento é encantar as pessoas e não humilhá-las.

DICAS PARA A VIDA (N Produções/Brasília)

A primeira grande dica, elas são sempre duas na vida, é que só é um bom ensinante quem for um bom aprendente, quem não conseguir ser um bom aprendente, não será um bom ensinante! E a essa dica decorre uma segunda, que é a necessidade de ter humildade pedagógica, isto é a capacidade de saber que eu não sei tudo o tempo todo de todos os modos, e ninguém o sabe, e por isso é preciso juntar as competências...ai sim, a gente consegue aquilo que é necessário que é ir em direção ao futuro.

Essa dica, ela serve para a gente compreender a necessidade de não estagnar, de não interromper um processo de vitalidade que vem exatamente pela capacidade de aprendizado continuo, de renovação, de abrir a mente, de ser capaz de entre outras coisas não se considerar nunca completo, pronto, feito por inteiro que em latim é perfeito, ao contrário sentir-se alguém em construção, uma obra contínua de vida, de história, de obra, afinal de contas o que vale para cada homem e cada mulher é exatamente a nossa obra, o que nós deixamos.

Os chineses dizem uma coisa especial, quando a partida de xadrez termina, o peão e o rei vão para a mesma caixinha, quando o jogo de xadrez acaba, independentemente do resultado o peão e o rei são guardados na mesma caixa. Portanto, como dizia um grande gaúcho Aparício Torelli, o barão de Itararé, a única coisa que se leva da vida é a vida que você leva. Que vida levamos nós? É uma vida que constrói uma obra, é uma vida de aprendizado contínuo ou ela é uma vida de arrogância, de petulância, de nariz empinado? Eu acho que nessa hora vale exatamente a dica para toda a vida, é a vida como uma forma também ela, de conhecimento.

Mario Sergio Cortella é filósofo, mestre e doutor em Educação pela PUC-SP, onde é professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião e da Pós-Graduação em Educação (Currículo). Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991/1992). É autor, entre outros livros, de A Escola e o Conhecimento: Fundamentos Epistemológicos e Políticos (Cortez), Nos Labirintos da Moral, com Yves de La Taille (Papirus), Não Espere pelo Epitáfio, Provocações Filosóficas (Vozes) e Não Nascemos Prontos! (Vozes), Qual é a Tua Obra (Vozes)

ELIZABETH A FERREIRA

RA 1011400










2 comentários:

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  2. Olá Beth, neste texto que você nos enviou me leva a refletir sobre "qual será minha obra"? Espero que nesta reflexão minha "obra" vá além do meu lar e do meu círculo de amizades, espero que no decorrer da minha vida, ou seja, do meu dia a dia eu não só faça grandes obras más BOAS OBRAS, que edifiquem a vida de outrosBjs.Roseli RA 1013296.

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