quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

ENTREVISTA

Entrevista com Professor Vital Mancini Filho
Professor de Filosofia da Educação

1) Fale um pouco de você, onde nasceu, onde trabalha, sobre a sua formação...
Nasci em São Paulo, no bairro do Ipiranga. Atualmente trabalho como assessor pedagógico em uma escola chamada Colégio São Francisco Xavier e aqui na Faculdade Sumaré. Primeiramente me formei em sociologia na Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Depois fiz licenciatura em história e mais tarde em pedagogia. Sou pós-graduado na área de pedagogia pela PUC- RIO.

2) Como e quando iniciou sua carreira de educador?
Minha primeira experiência como educador, foi como alfabetizador do MOBRAL, devo à esta experiência a minha opção pela educação, pois percebi a dimensão política e humana de ser educador.

3) Quais as dificuldades encontradas no inicio da carreira? E, as atuais?
O início sempre é muito difícil, na realidade o educador vai se construindo, validando ou não suas práticas, claro que sempre iluminado por uma concepção de educação e de mundo. Neste sentido, ser educador é sempre muito desafiador, mas acredito que hoje estamos caminhando para um momento mais interessante para nossa profissão, às perspectivas são melhores.

4) Quais as matérias que seleciona atualmente?
Atualmente leciono Sociologia e Filosofia da educação.

5) Qual a metodologia que você mais se identifica para a prática em sala de aula?
Aprecio muito a aula dialógica caracterizada pelo debate de idéias, onde a reflexão e a argumentação são os principais elementos.

6) Qual a sua opinião sobre as mudanças significativas na educação brasileira nos últimos anos?
Ainda precisamos de reformas mais profundas. Ainda estamos limitados por uma concepção de escola extremamente universalista e acadêmica, onde todos têm que aprender os mesmos conteúdos, num mesmo intervalo de tempo e no mesmo lugar. É necessário desconstruir este conceito de escola para a implementação de um currículo humanista, cujo foco seja a formação integral do aluno e o desenvolvimento de suas potencialidades e tipos de inteligência, ou seja, cuja finalidade seja a construção da autonomia moral e cognitiva.

7) O que acha que seria possível modificar para que haja uma melhor qualidade no ensino?
Pergunta complexa, quanto tempo me dá para que eu a responda? Mas vamos lá. Penso que teríamos que mudar a concepção de currículo, onde a formação da pessoa fosse a principal finalidade, esta seria feita por meio do desenvolvimento de suas potencialidades. Para tanto, a relação ensino e aprendizagem teria que ser reconstruída a luz deste conceito, assim teríamos que promover mudanças profundas.

8) Quais os caminhos possíveis para o educador manter sua qualidade de vida exercendo a profissão?
Melhorar as condições de trabalho, Cristovam Buarque, senador da república, defende a idéia de que o professor, seja ele de qualquer esfera pública, torne-se um funcionário federal, acho uma boa idéia, teríamos um plano de carreira que melhoraria as perspectivas dos educadores. Essa lei já tramita a anos no congresso e nunca foi votada.

9) O que acha considerável indicar para os futuros docentes que estão ainda iniciando sua formação?
Que nunca esqueçam a dimensão humana de nossa profissão, professor que não entende com profundidade o que é trabalhar na educação jamais se torna educador, fica limitado inevitavelmente à função de professor.

10) Quais as suas projeções para o futuro de sua profissão tanto para você em particular como para os educadores na ativa?
Continuar minha caminhada, estando sempre aberto para continuar aprendendo e nunca perder o foco, que é lutar pela implementação de uma escola de currículo humanista.

11) Relate alguns casos que lhe proporcionou durante sua carreira:
a) indignação
Genericamente toda vez que me deparo com a exclusão de alunos ocasionada por “currículos intolerantes”.

b) medo
De não ser justo e inconscientemente contribuir para a exclusão.

c) fato que ao lembrar lhe faz rir até hoje
Um fato engraçado que sempre lembro , foi o meu primeiro de dia de aula aqui na Faculdade Sumaré. Entrei na sala, me apresentei e comecei a apresentação do curso. Passaram-se uns vinte minutos vem uma professora e me chama discretamente até a porta e bem baixinho me diz: - professor, essa turma é minha! Acreditem, estava na sala errada, duro foi explicar para os alunos.

12) Para finalizar, qual o sua maior satisfação como educador, o que lhe proporciona orgulho e o faz afirmar que começaria tudo outra vez.
Como atribuo grande importância à escola, seja ela de que nível for, me orgulho por lutar pela implementação de uma escola de currículo humanista.
Grupo: Ana Luiza, Gessica da Silva, Luana, Margareth Martins, Sandra Reis e Tania Camargo

3 comentários:

  1. Muito pertinentes as perguntas elaboradas. Parabéns!
    Quanto à escolha do professor, sou suspeita para falar...Ver as opiniões do Vital transcritas aqui é tão prazeroso quanto assistir às suas aulas.
    Excelente escolha!
    Abraço

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  2. Meninas, parabéns!
    A entrevista de vocês tá show!!!As perguntas muito bem elaboradas, muito bacana mesmo!
    Muito bom ver nossos professores por aqui, conhecer um pouco mais da trajetória deles.
    Legal se todos tivessem a oportunidade de serem entrevistados. Acho até que seria muito interessante também se fossem as colegas de turma, acredito que são muitas histórias interessantes pra contar na trajetória até aqui.

    Abçs

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  3. Nossa! Estamos quase em 2021 e achei essa entrevista de um ex aluno do CEPAO, escola que estudei no primeiro e segundo grau, essa foi a base essencial desse professor ser tão dedicado a sua função de educador.
    Parabéns

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